segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Retorno: a saudade falou mais alto


Era para ser diferente. Não nos encontraríamos dali para frente. Por mais que nos doesse a decisão, era a única sensata --pelo menos nos parecera. A ideia era que não alimentássemos um sentimento que tinha data de validade. Para que sofrer, não é? Já que tudo que sentimos fora tão intenso, tínhamos de acabar com aquilo assim. Como um amor de carnaval, digo, amor de verão.

Sábado, 15h, Praia da Vila, Quiosque 4, Saquarema --RJ. Só bebo destilada, não gosto de chope, nem cerveja. Então, bebendo a supertranquila Ice, em frente a um quiosque gayfriendly, o celular toca.

“Oi”, disse-me no outro lado da linha.
“Oi!”, respondi.
“Tudo bem? Onde você está?”
“Em Saquarema”, respondi.
“A trabalho?”
“Não. Vim com uns amigos”.
“Senti saudades, por isso liguei”, confidenciou-me.
“Eu também sinto muita saudade”. Quase pedi que nos víssemos novamente, mas segurei.

Silêncio.
“Então tá, nos falamos depois”, quebrou o silêncio.
“Isso. Nos vemos quando eu voltar”.


Acabou comigo. Terminei a garrafinha de Ice e caminhei até um morro que invade o mar e de onde dá vista para as duas praias de Saquarema. De um lado, a Praia da Vila; do outro, a de Itaúna... menos popular. Vi o pôr do sol de lá. É simplesmente lindo. Impossível narrar. A gente percebe como somos pequenos diante do mundo... Não queria dizer, mas a verdade é: aquela ligação fez com que o fim de semana acabasse não sendo um grande fim de semana. Mas foi bacana, ainda sim.

Segunda, 20h, academia, Rio de Janeiro.

“E aí, como foi Saquarema?”, perguntou-me.
“Tranquilo. E o seu fim de semana, como foi?”
“Bom também. Posso ir para a sua casa hoje?”, mandou na lata.
“Eu adoraria!”.


Depois da academia, fomos para a minha casa. Não precisa dizer que começamos a nos beijar assim que a porta fechou atrás de nós. Estendemos até o banheiro, depois para cozinha, fomos para a sala e, por último, o quarto. Uma loucura. Sentia muita saudade. Ele também. Percebi pela forma com que me pegava, me beija, passava a mão em mim, me apertava.

“E isso vai acabar...”, pensei. “Quer parar de ficar pensando nisso? Tudo acaba na vida. Que mania de estragar as coisas?!”, reclamei comigo.

No quarto, já deitados, sua mão passeava sobre todo o meu corpo. Estávamos de cuecas. Sua língua vagarosamente deslizava pelo meu rosto, a descer pelo queixo, pelo pescoço, peito, abdome... A frequência das batidas do meu coração aumentava, minha respiração acelerava.

“Sobe, sobe... me deixa fazer em você”, implorei.

Comecei a beijá-lo. E, como bom aluno, a repetir os procedimentos. Arranquei-o a cueca. Estávamos nus, um do e para outro. Mesmo assim, a sua mão não parava. Até que, rapidamente, ele me virou. Deitado sobre mim, perguntou: “E aí, hoje quer que seja você?”

“Se você quiser...”, respondi não querendo muito, mas disposto a encarar se fosse o caso.
“Você vai ter coragem?”, desafiou.
“Vou. Mas vai de vagar, para não doer tanto”, bem donzela (rio, enquanto escrevo).
“Não, não quero. Quero que você esteja dentro de mim...”, pediu.

Esperando um ao outro, gozamos juntos. Nos abraçamos... quis perguntar “como será daqui pra frente”, mas preferi deixar para lá. Às vezes, as palavras estragam o momento, atrapalham o clima e o silêncio --como aquele, em que estávamos abraçados-- dizem muito mais. Percebi que nosso corpo se comunicava, conversava, namorava, sem que fosse necessário verbalizar nada. E assim dormimos. Não sei como serão os dias seguintes. Das manhãs depois dali. Apenas o futuro dirá.


Não nos encontramos mais.

2 comentários:

  1. ser feliz momentaneamente tá é muito bom.

    ps: sou assesosr de imprensa da BOBSTORE (grife feminina) no Espírito Santo e repórter da revsiat que circula todo domingo no jornal A gazeta. e vc?

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  2. todo mundo pensa que moror no Rio.
    não, moro em Vitória - ES.

    morei no RJ em 2007 e parece que a iamgem ficou... rs rs rs

    add lá: guisillva@hotmail.com
    (sillva com 2 L's)

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