A mão desliza lentamente pelo corpo. Desce do pescoço bem de vagar, passa pelo peito e chega ao umbigo. Faz suspense. Gira e segue para baixo. Sente vagarosamente os pelos que a levam à perdição (ou a salvação). Finalmente, parece chegar. Não. Adia um pouco mais. Desliza até a virilha. Acaricia. Volta. Sobe até o pênis e lentamente o massageia. Movimentos seguidos, circulares, constantes. O ritmo aumenta conforme o batimento cardíaco. A respiração acelera. A boca, entreaberta, serve de escape à respiração, ao mesmo tempo em que a língua lubrifica os lábios. O corpo se contorce. Os olhos viram. Olham para o nada. Pouco importa o que não veem. Até que...
“Eita, melei minha mão toda!”, penso enquanto levanto satisfeito até o banheiro. Pensava no Douglas. Não, não... ele não é um amor. É um amigo. Sério! Nem tenho tanto tesão nele assim... Ok. Mentira. Mas só às vezes.
Ligo o chuveiro.
“Aqui tem tantos de mim. Daria uma bela criança. Vou propor ao Douglas que engravide de mim”.
Entro no banho.
“Mas que bobagem. Vaidoso como ele é, diria que não quer estragar o corpo”, penso. “Já pensou se homem pudesse engravidar. Seria interessante. Casais gays não precisariam recorrer a subterfúgios para ter suas proles. Difícil seria achar um gay que quisesse parir um filho. ‘Já era minha barriga-tanquinho’, diria. Ninguém ia querer engravidar. Será? Eu não ia querer...”.
Saio do box e dou de cara comigo no espelho. Estou feliz. “Meu casamento acabou de acabar e parece que eu renasci”. Sorrio.
Meu sorriso infantil, meus pensamentos infantis me trazem à memória uma imagem de 20 anos atrás. Eu, com o uniforme do jardim de infância, a sorrir com meus dentinhos de leite. “Incrível como meu sorriso não mudou”.
Aquela imagem da foto, com aquele sorriso, parecia muito com a do espelho. “Nossa!” Dou-me conta de como estava parecido, naquele momento, ao Vicente do jardim de infância. Por vários motivos: sonhos, disposição para viver, confiança na minha mãe (!).
Acreditava, já à época, que minha mãe sempre estaria ao meu lado a me apoiar. Mesmo que isso significasse nadar contra a corrente, lutar contra tudo e todos e que não ficasse tão feliz assim. Ela seria a primeira a pôr-se a disposição a lutar comigo, a acreditar e a me incentivar. (Minha mãe soube há dois ou três meses sobre minha sexualidade --depois eu conto como foi-- e esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis para o fim do meu casamento).
"Essa história está meio estranha, não?! Começou com um ato de onanismo e termina falando da mãe?!", penso enquanto me visto.
Apaguei a luz do banheiro com duas certezas: “uma mãe é capaz de ações inacreditáveis por amor ao filho”, palavras dela mesma; e dois, mesmo que pudesse, o Douglas não quereria engravidar de mim... rs
Até mais, queridos!
Estou amando teu blog!
ResponderExcluirBeijão!
:)
Beijos de Londres
ResponderExcluirDaniel
www.sembolso.blogspot.com